POEMA ARMADO

OUBI   INAÊ   KIBUKO

Que o poema venha cantando
ao ritmo contagiante do batuque um canto quente de força, coragem, afeto, união
Que o poema venha carregado de amarguras, dores, mágoas, medos, feridas, fomes...
Que o poema venha armado
e metralhe a sangue-frio palavras flamejantes de revoltas palavras prenhes de serras e punhais.
Que o poema venha alicerçado e traga em suas bases palavras tijolantes, pontos cimentantes, portas, chaves, tetos, muros
E construa solidamente
uma fortaleza de fé naqueles que engordam o exército dos desesperados
Para que nenhuma fera
não mais galgue escadas
à custa de necessidades iludidas..
E nem mais se sustente
com carne, suor e sangue
dum povo emparedado e sugado
nos engenhos da exploração!

Comentário Iure Neive: O poema é uma crítica que mostra a revolta do negro com toda a descriminação e exploração que passou. Como todos os poemas do livro Cadernos negros, traz essa visão do negro com relação aos antigos e atuais problemas que os negros passaram, desde a exploração nos engenhos, até o preconceito e discriminação que os negros passam até hoje. O eu-lírico expressa sentimentos, que de certa forma induz ao pensamento de revolta por todo o sofrimento que o negro passou e vem certamente armado contra todos esses males.
 

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